Sunday, July 29, 2007

Liberdade


Hoje estou escrevendo esse texto a moda Poison, ou seja, com algumas taças de vinho na volta de mim. Mas com o frio que faz nessa noite, após um fim-de-semana congelante, certamente não existe opção melhor. Acho que o Lê (do Raizi ) deveria ter conhecido Porto Alegre nesses dias, assim certamente ficaria mais impressionado com o frio que anda fazendo.

Nos últimos dias andei lendo alguns posts que repetem uma miopia sobre a liberdade. Essa conversa de que arranjar um bom emprego para morar sozinho é sinônimo de liberdade, vivendo e sentindo o que quiserem pois não precisarão explicar nada para ninguém. Será?

Quando eu tinha 19 anos (tá, sei que faz tempo!) tive a oportunidade de morar 01 ano fora do Brasil. Primeira vez para quase tudo naquele ano: viajar de avião, trabalhar, estudar em outro país, lavar roupas (todas as roupas!), controlar a grana, etc. Numa época em que não existia Internet, blog, webcam, cyber, email, celular, na minha cabeça eu teria a liberdade para fazer tudo que não podia fazer na casa dos meus pais. Festas, bares, amigos novos, bebidas, etc. Um grande equivoco. Tinha vizinhos, tinha colegas, tinha chefe, tinha o dono da fruteira, tinha um mundo de pessoas que me controlavam além do que eu imaginava. Na noite que cheguei de viagem, após abrir malas e presentes, meu pai sentou junto a mim e metralhou: “Tu é homossexual??”.

Tudo isso eu lembrei hoje num tradicional almoço em família. Meu sobrinho contava as aventuras de suas férias no Rio. Entre tantas coisas, o sucesso ficou por conta do ótimo Hotel que ficaram em Ipanema, perto da praia, restaurantes, lojas, etc. O grande problema que estava cheio de “gays”na volta. De forma caricata começou a contar de homens andando de mãos dadas, beijando-se, caçando, etc....Tudo isso reforçado pelos pais dele. Putz!!!!! Naquele minuto também lembrei de muitas outras coisas. Lembrei de meus amigos blogueiros que moram no Rio, lembrei de meu afilhado Aventura que tem filhos nessa idade, lembrei da história da mãe do Poison, lembrei de meu amigo Bro que sabe do meu dissabor com esses almoços.

Confesso que não fiquei nervoso por mim. Quebrando a cara tive que descobrir que somente poderemos viver algum estado de liberdade quando conseguimos vencer os preconceitos íntimos das nossas opções. Mas confesso que fiquei muito entristecido pelo adulto que será o meu sobrinho.

Sunday, July 08, 2007

Vizinhos


Outro dia tava precisando de um pouco de açúcar e como moro sozinho há muitos anos, não restava outra alternativa do que a que todos estão pensando: "pedir pra um vizinho". Pois é...e foi ai que lembrei da fantasia que sempre tive: ter vizinhos de causar fortes emoções. Mas sinceramente acho que sou muito azarado. Nunca aconteceu de eu suar frio, respirar fundo, suspirar de admiração por algum encontro nos corredores ou no silêncio do elevador. Antes que pensem, não estou falando em fazer sexo em escadarias ou pegações no elevador. Estou apenas admitindo que acharia muito excitante saber da rotina de algum cara interessante, observar ele descendo escadas, ver a cara de banho tomado, cruzar os olhos de forma provocativa. Sei que caso tudo isso acontecesse, jamais sairia dos olhares calorosos para contatos envolventes...talvez no máximo algum comentário que não me fizesse comum.

Confesso que até moro num bairro bastante descolado. Num bairro que sempre foi local de boemia, de intelectuais, de vanguarda, de entendidos. Ops!!!...

Parênteses a moda Ricardo – Tava escrevendo e me peguei usando uma palavra que nunca mais escutei. Para todos aquele que são mais trintões do que trintinhas, sabem que teve uma época em enquadrar alguém como “gay” era quase uma xingação, muito baixo, muito vulgar, muito ....... uiiiiiiiiiiiii.....dai dizíamos que era “entendido”.... era um código mais reservado. Mas assim como o álcool ficou chique e virou etanol..... gay passou ser usual e a bola da vez....

Continuando...então, na minha rua, no supermercado, nos restaurantes, na lojas, nos cafés, etc, é muitíssimo comum cruzar com alguns caras maravilhosos, que provocam nos olhares, interessantes no comportamento, mas que nunca moraram no meu prédio. O lance é esperar segurando a xicara até aparecer uma oportunidade para pedir o açucar.